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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Soneto à Lua

Por que tens, por que tens os olhos escuros
E mãos lânguidas sem fim
Quem és, que és tu, não eu, e estas em mim
Impuro, como o bem que está nos puros?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com o que direito tens-me presa
A alma que por ti soluça nua
E não é Tatiana e nem Teresa:

E és tão pouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, Patética, indefesa
Ó minha branca e pequena lua!

                                                                  Vinícius de Moraes

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